VINI JR E O DILEMA SELEÇÃO E CLUBE


Vinicius Jr é o melhor jogador brasileiro da atualidade e um dos melhores do mundo. Isso é indiscutível. Contudo, a medida que o brasileiro vai subindo de patamar no Real Madrid, se convertendo no principal jogador do time, um velho dilema surge: a diferença do nível de atuação do camisa 7 no clube e na seleção. A discussão voltou com força após o jogo magnifico de Vinicius contra o Barcelona, valido pela final da Supercopa da Espanha que terminou com goleada e título do Madrid.

Como eu disse, esse dilema é velho e abrangente. Prefiro destacar dois casos que assisti na infância/adolescência, envolvendo craques que hoje são venerados pelos torcedores: Rivaldo e Ronaldinho. No caso de Rivaldo, o auge dessa discussão foi no ciclo 98/2002, período bem difícil para a seleção. O então principal jogador do Barcelona era acusado de não conseguir fazer na seleção as atuações espetaculares que tinha no clube espanhol, que lhe rendeu o prêmio de melhor jogador do mundo em 1999. Nesse período, Rivaldo fez uma Copa do Mundo incrível em 98, foi protagonista na conquista da Copa América em 99, mas não escapou da crítica feroz da torcida. Realmente o rendimento não foi o mesmo até porque a seleção era uma bagunça (isso não mudou), com quatro técnicos no ciclo para o mundial de 2002. Ainda assim, Rivaldo fez gols importantes nas eliminatórias e fez uma copa espetacular, o consagrando como o melhor camisa 10 do Brasil em Copas depois de Pelé. Porem a discussão continuou.

Após Rivaldo, veio Ronaldinho. Diferente do companheiro de seleção, Ronaldinho nunca conseguiu mostrar com a camisa amarela o mesmo rendimento dos anos áureos em que defendeu o Barcelona. Embora tenha sido campeão mundial em 2002 com uma atuação magica nas quartas contra a Inglaterra (lembrando que foi expulso), esteve abaixo dos dois protagonistas principais, Ronaldo e Rivaldo. Depois, alternou bons momentos com atuações decepcionantes como no mundial de 2006, quando se esperava que fosse o líder da seleção em busca do hexa. Fez uma Copa discreta, sem nenhum gol e muito abaixo daquele jogador que foi eleito o melhor do mundo em 2004 e 2005. Sua irregularidade na seleção o deixou de fora das Copas de 2010 e 2014, embora eu ache que ele devesse ter sido convocado, afinal ainda assim era o “Ronaldinho” e as opções que foram no seu lugar eram no mínimo questionáveis.

Vinicius, ao que tudo indica, vai trilhar o mesmo caminho dos antecessores. Não por sua culpa, mas por ser quase impossível manter o rendimento do clube, onde treina e convive com as mesmas pessoas todos os dias, na seleção, onde encontra um grupo de jogadores, muitas vezes diferentes, em alguns períodos por ano. Não bastasse isso, a bagunça que tomou conta da CBF não permite que o cenário se torne animador.

Até agora, pelo menos, o que prejudicou o rendimento de Vinicius na seleção foi mais uma questão tática e técnica do que de bastidores. Vini foi prejudicado pelas escolhas de Tite, inclusive no mundial de 22, quando o treinador o sacrificou junto a outros jogadores para manter Neymar em uma situação confortável em campo. Não adiantou. O Brasil caiu nas quartas com Vinicius saindo na metade do segundo tempo. Erro de Tite, que não soube aproveitar a capacidade de decisão do atacante do Real Madrid. Ruim para Vinicius e péssimo para a seleção brasileira.

Apesar de todo o ceticismo, torço para que Dorival Jr consiga extrair o melhor de Vinicius na seleção. Está claro que a dependência de Neymar não funciona, é preciso ter um plano B, uma alternativa. Olhando para os trabalhos de Dorival, há esperança. O novo treinador da seleção é conhecido por fazer o simples, não complicar na hora de armar o time. Isso pode favorecer Vinicius, assim como aconteceu com Ancelotti no Real Madrid. Claro que Dorival não é Ancelotti, mas não custa nada tentar.

Em tempo: acho que o Brasil ainda precisa (e muito) de Neymar. O que não pode é ter uma dependência doentia do camisa 10 e uma depressão profunda a cada ausência dele. Por isso, Vinicius pode ser a solução. Que ele seja para Neymar o que Rivaldo foi para Ronaldo em 98 e 2002. Tomara!

 

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