A MELHOR FINAL DE TODOS OS TEMPOS. MAIOR NÃO!


A final disputada neste domingo no Qatar honrou as tradições da copa do mundo e foi digna dos maiores aplausos do mundo do futebol. Argentina e França entregaram tudo e mais um pouco em um duelo eletrizante que certamente será narrado para as próximas gerações. A essência do futebol se fez presente no estádio Lusail.

Um jogo que parecia resolvido até os 80 minutos de jogo. A Argentina dominou a França praticamente o jogo inteiro. Um time com um posicionamento tático diferente e com a novidade da escalação de Di Maria na ponta esquerda deixou a equipe francesa totalmente desnorteada. A intensidade argentina em cada dividida junto a um time atônito do outro lado passou a impressão de que os 2 a 0 construído pelos argentinos durante o jogo já teria decidido o campeão mundial.

Mas aí entra o fator surpresa, aquele que faz o futebol ser apaixonante. Em cinco minutos os franceses empataram o jogo graças ao talento monumental de Kylian Mbappé que fez o primeiro de pênalti e o marcou um golaço para empatar a partida. A loucura continuou na prorrogação com Messi colocando a Argentina novamente em vantagem e Mbappé empatando a partida no final do segundo tempo extra. Ainda teve tempo para o goleiro argentino Martinez fazer a maior defesa da história das copas ao defender uma bomba de Kolo Muani no último minuto da prorrogação. O típico jogo proibido para cardíacos!

Tenho que destacar o desempenho das duas estrelas do jogo. Messi fez dois gols e participou da jogada do outro. Mbappé fez os três gols da França e se tornou o segundo jogador a marcar três vezes em uma final de mundial igualando a marca do inglês Geoff Hurst que marcou três gols na vitória da Inglaterra sobre a Alemanha no mundial de 66. Uma marca digna de quem deve ser o jogador dominante da próxima geração. Vale lembrar que Messi e Mbappé são os primeiros a marcar mais de 6 gols em um mundial desde Ronaldo, que marcou 8 vezes em 2002. Enfim, um desempenho absurdo dos dois astros principais do espetáculo. A vitória argentina nos pênaltis foi merecida, mas não seria um absurdo o triunfo francês devido a partida magnifica de seu camisa 10.

Mas aí entro na polemica ao discordar que seja a maior final de todos os tempos. Considero três duelos finais a frente do jogo deste domingo. A final de 50 onde o Uruguai venceu o Brasil por 2 a 1 dentro do Maracanã diante de quase 200 mil pessoas tem um peso maior. A final de 58 entre Brasil e Suécia onde os brasileiros golearam os suecos donos da casa por 5 a 2 marcou o surgimento de Pelé para o mundo, aos 17 anos, fazendo dois gols. Aquele triunfo iniciaria a hegemonia brasileira, resultando na conquista de três mundiais em doze anos. Assustador! Por isso considero a final de 58 maior. E por fim menciono o duelo entre Brasil e Itália na final do mundial de 70 como a maior final de todas as copas.

Aquele duelo era bem mais simbólico: o vencedor ficaria em definitivo com a taça Jules Rimet, devido a regra da FIFA que premiaria o primeiro tricampeão com a posse do troféu. O Brasil (58 e 62) e a Itália (34 e 38) eram bicampeões. E outro detalhe: a atuação do Brasil foi a mais dominante de uma equipe em uma final de copa. O 4 a 1 diante da Itália e a forma como foi construído coroa a equipe que seria considerada pela FIFA como a melhor do século XX. Além disso, se Argentina e França contavam com um astro cada, o Brasil em 70 sozinho tinha cinco astros, cinco camisas 10, Rivelino, Gérson, Tostão, Jairzinho e Pelé, a principal estrela. Por todos esses fatores considero a final de 70 a maior de todos os tempos.

Mas com isso não quero dizer que a final do mundial de 2022 não tenha sido um jogo marcante. Pelo contrário, o fato de ser incluída no hall de maiores jogos de todos os tempos é motivo de orgulho e aplausos. O fato de não ser a maior não diminui em nada o que argentinos e franceses entregaram em Doha. A emoção da partida comprovou porque o futebol é o esporte mais popular do planeta. Nenhum outro esporte, com todo o respeito, é capaz de entregar as sensações que tivemos assistindo o duelo deste domingo. Até quem não acompanha o futebol se empolgou e emocionou.

Reconheço que foi a maior final que já assisti ao vivo. As outras finais que citei aqui acompanhei em gravações, fruto da pesquisa que faço para a minha monografia. Mas reforço: o fato de não ter visto ao vivo esses confrontos não significa que eu não tenha a noção do que cada partida dessa representou para a história do futebol. Por momentos como esses que tenho cada vez mais orgulho de pesquisar o futebol e conseguir uni-lo a história. É uma honra escrever sobre isso.

Por isso dou meus parabéns para Argentina e França. O que eles entregaram em termos de emoção nesta final não tenho certeza se verei novamente tão cedo, até porque as finais de copa não têm sido marcadas por esse tipo de emoção. Todo o reconhecimento a final da Copa do Mundo de 2022, a melhor final de todos os tempos, mas não a maior.

 

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