CITY IRRESISTÍVEL ARRASA O LIVERPOOL

Acabou a Data Fifa e os clubes voltaram a campo pelas ligas nacionais. Alegria de uns, tristeza de outros e essa sensação foi sentida hoje. City e Liverpool se enfrentaram pela Premier League com objetivos distintos. Enquanto os Citizens brigam para alcançar o líder Arsenal, os Reds tentam aproximar-se da zona de classificação da champions e amenizar a temporada decepcionante que fazem.

O jogo disputado em Manchester refletiu a temporada de ambos. O City amassou, não deu chances ao Liverpool. Mesmo saindo na frente, os Reds não pareciam capazes de segurar a vantagem no placar ou ameaçar o rival. O Manchester, por sua vez, não deu bola ao fato de ter saído atrás e aplicou uma intensidade que deixou o adversário em total desorientação. Um atropelo!

O Liverpool saiu na frente com Salah. O City empatou com Alvarez, virou com De Bruyne e ampliou com Gundogan e Grealish. A diferença de ritmo entre os dois times foi impressionante. Enquanto Klopp apostou em uma equipe 4-3-3 tradicional, Guardiola inovou ao escalar o zagueiro Stones no meio-campo e o inglês fez uma excelente partida ora como primeiro volante, ora como segundo ou terceiro homem de meio-campo. Isso deu mais imposição física ao meio do City, principalmente pensando no confronto contra o Bayern de Munique, outro time físico e intenso, pela champions. Acho que foi a grande mudança de Guardiola, principalmente pelo fato da medida ter dado mais liberdade para a linha ofensiva dos Citizens.

Vale lembrar que o City estava sem Haaland, substituído por Alvarez que fez uma grande partida. A ausência do centroavante norueguês fez o time voltar ao esquema de intensa movimentação sem uma referência, o que aumentou o rendimento. Fica o debate sobre o encaixe do camisa 9 na equipe, tônica da temporada mesmo com a quantidade de gols assustadora dele.

Enquanto o lado azul mostra evolução e confiança, o Liverpool manteve o padrão de jogo decepcionante da temporada. Sem disposição, foi envolvido facilmente pelo rival e não esboçou reação em momento algum. Klopp vem fazendo muitas mudanças no time titular nas últimas partidas e não consegue encontrar o equilíbrio da equipe. Prova disso é que o alemão fez quatro alterações de uma vez no segundo tempo. O time parece sem confiança, esgotado. Uma pena para uma equipe que esteve durante cinco temporadas no primeiro escalão do futebol europeu.

O resultado de hoje foi simbólico. Mostrou a capacidade do City de se reinventar sem perder a competitividade e intensidade dos últimos anos, enquanto expos o Liverpool como um time que não tem mais o que entregar e espera com ansiedade a temporada acabar para analisar os rumos que irá tomar. A derrota de hoje, com direito a olé da torcida do City, foi melancólica. Dez pontos do jogo:

 Guardiola segue se reinventando. Stones provou isso hoje.

 De Bruyne segue dono do meio-campo do City, apesar das mudanças.

 Grealish fez a melhor dele com a camisa do City.

 Os Citizens não sentiram falta de Haaland.

 Alvarez fará muito barulho pelo City e seleção argentina.

 Darwin Nunez não encaixou no sistema de Klopp.

 Arnold foi uma tragédia defensiva hoje.

 A defesa do Liverpool não se impõe.

 O meio-campo está velho, lento e sem intensidade.

 O Liverpool precisa se reconstruir. Recomeçar do zero.

Por mais que o Arsenal esteja encaminhado rumo ao título, o City mostrou hoje que não perdoa vacilo. Aviso aos Gunners e para o Bayern, que trocou de treinador no período sem jogos oficiais. Guardiola parece ter algumas cartas na manga neste final de temporada e mostra porque é o melhor técnico de sua geração. Poucos tem a capacidade de fazer o que o espanhol fez hoje.

O City tem muito a fazer ainda e o Liverpool pouco a entregar. Acredito que esse será o grande desafio de Klopp na sua carreira: reconstruir o Liverpool mais uma vez. Veremos se ele será capaz, se é que estará no comando técnico dos Reds na temporada que vem. A ver.

Por fim, um delírio. Seria fascinante Guardiola na seleção brasileira recuperando um estilo que um dia já foi nosso. Um delírio... Um bom delírio!