CITY CAMPEÃO DA CHAMPIONS: O FUTEBOL AGRADECE


Finalmente aconteceu. O Manchester City conquistou a Liga dos Campeões após vencer a Internazionale por 1 a 0, em Istambul. A equipe de Pep Guardiola enfim ganhou o tão sonhado título europeu, objeto de cobiça desde que o clube foi vendido em 2008. A conquista é representativa não apenas para o clube inglês, mas também para o treinador espanhol que não vencia o torneio desde 2011.

O jogo disputado na cidade turca foi característico de uma final: cauteloso. Cada espaço do campo ocupado por duas equipes intensas na sua forma de jogar. O City entrou com sua formação padrão no 3-2-5. A linha de três zagueiros com dois volantes a frente, os pontas ocupando o lado do campo ora como alas e uma intensa movimentação. A Inter por sua vez apostou no seu tradicional 3-5-2 com um meio de campo povoado e marcação intensa sobre os ingleses.

Do lado inglês, aponto como destaque o jogo coletivo do time que, mesmo diante da marcação frenética italiana, não mudou sua forma de jogar e foi recompensado. O ponto crítico foi a perda de Kevin De Bruyne ainda no primeiro tempo por lesão, fato que atingiu a equipe por alguns minutos e permitiu que a Inter se lançasse ao ataque algumas vezes. A saída do belga balançou o time, que contou com Gundogan e Bernardo Silva para tentar ocupar o espaço deixado na armação do jogo.

A Inter teve como principal destaque Brozovic. O croata dominou as ações no meio campo, ditou o ritmo do time italiano e anulou a criação inglesa. Apesar do ótimo jogo do volante e capitão nerazzuri, a Inter não conseguiu propor nada além de anular o City. Optando pela marcação forte e um jogo de lançamentos ora nas costas dos jogadores de lado do time inglês, ora para a dupla de atacantes segurar a bola e esperar a chegada dos companheiros. O meio campo marcador falhou na hora de articular as jogadas, o que levou a Inter a jogar no erro do City.

O gol de Rodri fez justiça ao jogo e a competição. O City é o melhor time do mundo e diferente das últimas temporadas, quando perdeu por detalhes, mostrou que de fato aprendeu com os erros anteriores. Segurou o jogo, reforçou a defesa, utilizou o tempo a seu favor. Mesmo assim, quase levou o empate em três ocasiões, contando com duas defesas espetaculares de Ederson e com uma ajudinha de Lukaku (isso mesmo!) ao evitar o gol do próprio time desviando a cabeçada de Di Marco.

Dez pontos importantes sobre a final:

1. Ederson foi crucial para vitória do City. Suas defesas nos minutos finais foram determinantes. Merece a titularidade da seleção.

2. De Bruyne fora novamente em uma final de Champions. Assim como em 2021, o belga saiu machucado. Outra coincidência: de novo fazia uma partida discreta. Dessa vez o final foi diferente.

3. Haaland novamente abaixo, repetindo a final da Copa da Inglaterra. Isso não apaga a sua temporada impressionante, mas para marcar uma era como almeja tem que aparecer em decisões.

4. Gundogan e Bernardo Silva brilhantes. Farão uma falta absurda se realmente saírem nesta janela.

5. Guardiola é tão genial que foi campeão com Aké e Akanji na zaga.

6. Lautaro muito abaixo hoje. Muita transpiração, pouca inspiração.

7. Lukaku decepcionante. Sua partida hoje foi o retrato de sua temporada pela Inter: frustrante.

8. Brozovic é um leão. Marca, arma, orienta, um verdadeiro líder.

9. Barella acompanhou Lautaro. Quando não estão bem, a Inter sofre muito.

10. Inzaghi é um técnico regular. Nada além disso.

O principal, em minha opinião, é que o triunfo dos citizens significa uma vitória para o futebol. Assim como em 1982, quando a derrota do Brasil diante da Itália na copa da Espanha significou um duro revés do futebol arte perante o pragmatismo, o jogo de hoje representou o efeito oposto: o pragmatismo italiano caiu diante do futebol ofensivo do treinador espanhol inspirado em holandeses e brasileiros.

Guardiola é a antítese do pragmatismo. Mesmo quando resolve ser pragmático e jogar pelo resultado, consegue ser genial. Ao invés de recuar como a maioria dos times fazem, optou por manter a posse de bola e trocar passes para impedir o ímpeto da Inter na busca do empate.

Guardiola está feliz. O futebol agradece!

 

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