FIFA DESMORALIZA O THE BEST


O dia 15 de janeiro de 2024 vai ficar marcado no mundo do futebol como aquele em que ocorreu a premiação mais constrangedora de um evento organizado pela FIFA. Entregar a Messi o prêmio de melhor jogador do mundo em 2023 não tem justificativa. Faz mal a premiação, a FIFA e ao próprio Messi que, acertadamente, sequer compareceu ao evento. Escapou de um constrangimento absurdo.

O prêmio expõe os critérios confusos da FIFA, determinando que a política executada nos bastidores tem um peso maior que o rendimento dentro de campo. Aliás, não bastasse o absurdo de premiar Messi, o evento ainda sofreu com a ausência dos demais finalistas: Haaland e Mbappé. Dos três citados, apenas o norueguês é merecedor de estar no páreo. Messi, após a copa do mundo, fez um final de temporada fraco com o PSG e depois se mudou para a MLS que, convenhamos, não é parâmetro nenhum para indicação ao prêmio de melhor jogador do mundo. Mbappé, embora tenha feito mais gols que Messi, também sucumbiu ao final de temporada ruim do Paris. Haaland, por sua vez, conquistou a tríplice coroa com o Manchester City sendo um dos protagonistas do time e dentre os três parecia que seria o escolhido. Era a lógica.

Quando digo que o prêmio deste ano faz mal a Messi, me refiro a premiações anteriores do argentino que foram questionadas. Em 2010, venceu contra Xavi e Iniesta, então seus companheiros de Barcelona que haviam sido protagonistas da Espanha no seu primeiro título mundial naquele ano. Em 2019, venceu o favorito Van Dijk, campeão da Liga dos Campeões com o Liverpool e eleito o melhor jogador da Europa. Cenário parecido em 2021, dessa vez contra Lewandovski. Só que em todos esses títulos havia uma diferença: o argentino tinha produzido números expressivos individualmente ou, no caso de 2021, liderado a Argentina na conquista de um título. Dessa vez não tem nada disso. Messi não produziu absolutamente nada que justificasse sua presença entre os finalistas, quiçá entre os 10 melhores. Vinicius Jr, por exemplo, não ficou entre os 10 mesmo fazendo uma temporada bem melhor do que Messi.

Messi venceu porque é Messi. Não há outra justificativa. Cheguei a ouvir em sua defesa que o prêmio foi lhe concedido porque ele é o melhor jogador desta geração. A questão é: o prêmio é concedido pelo que se fez durante a temporada e não pelo conjunto da obra na carreira. Se fosse assim, que fizesse entre Messi e Cristiano Ronaldo um revezamento até que ambos encerrassem a carreira.

Repito: Messi venceu porque é Messi. Isso somado a falta de um destaque claro nesta temporada, onde o Manchester City venceu tudo baseado em um sistema que privilegia o coletivo, sem um destaque individual evidente. Haaland, por exemplo, fez um número de gols absurdo, porém na fase final da temporada, na hora da decisão, caiu de rendimento e não fez tanta diferença em favor do City.

Neste 15 de janeiro, a FIFA fez um desserviço ao futebol e a Messi. O final melancólico da premiação reflete tudo: o troféu ficou nas mãos do apresentador, o francês Henry, que aliás nunca venceu o The Best ou a bola de ouro.

Em tempo: acho que o vencedor deveria ser o volante espanhol do City Rodri, símbolo do sistema coletivo pensado por Guardiola. E outro ponto: já são 17 anos sem que o Brasil faça um melhor jogador do mundo. E, do jeito que andam as coisas, vai demorar mais um pouco, principalmente se a política continuar se sobrepondo ao campo. Vinicius Jr está aí para provar a falta de critério do The Best.

 

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